5º Encontro: E(st)éticas do Som

O 5º Encontro de Música e Mídia é uma iniciativa do Centro de Estudos em Música e Mídia – MusiMid, que reúne pesquisadores e profissionais do meio acadêmico, de formação multidisciplinar, que têm como centro de interesse comum o estudo das múltiplas relações entre música e suas formas de comunicação e recepção.

Visando ampliar os debates e estendê-los à comunidade interessada no tema, o MusiMid vem realizando os Encontros de Música e Mídia: As múltiplas vozes da cidade (2005); Verbalidades, musicalidades: temas, tramas e trânsitos (2006), As imagens da música (2007), O Brasil dos Gilbertos: Gilberto Freyre, João Gilberto, Gilberto Gil e Gilberto Mendes (2008). Em sua quinta edição, o tema do encontro será “E(st)éticas do som”, dividido em quatro subtemas: 1) Som, culturas e comunicação; 2) Som, tecnologias e eletroacústica; 3) Som, discursos e mídia; 4) Música e relações de poder.

A coordenação geral será conduzida pela Profª. Dra. Heloísa de A. Duarte Valente, com a colaboração do compositor Prof. Dr. Paulo Chagas, membro do Conselho Consultivo do MusiMid. O evento tem o apoio do Programa de Pós-Graduação em Música do Depto. de Música da ECA-USP. O local de realização será a ECA-USP, que oferecerá a infra-estrutura logística e institucional. A programação está voltada ao público universitário e interessados em geral, oferecendo certificados, mediante inscrição e freqüência nas atividades.

Sobre o tema geral do evento: E(st)éticas do Som

O ano de 2009 coincide com algumas efemérides que, acreditamos, podem servir de motivação para as discussões a polarizadas no 5º Encontro: o cinqüentenário da morte de Heitor Villa-Lobos e o centenário de nascimento de Carmen Miranda, pilares na formação da música brasileira (e mundial), do século XX. Não obstante as grandes diferenças que os afastam, traços em comum entre ambos conduzem a convergências interessantes. Considerar-se que, por diferentes vieses, ambos construíram a representação do Brasil no país e do país, no exterior – fato que perdura até os dias atuais- já se anuncia como um instigante ponto de partida. Assim, ambas as figuras – tanto do compositor, músico e regente, quanto da cantora- servem de baliza para questões amplas e variadas como:

  1. As dicotomias estéticas estabelecidas colocam, em extremos polares os repetórios, divididos em: nacional/popular; popular/erudito; popular/folclórico; massivo/ culto; nacional/internacional, sério/ ligeiro. O mundo globalizado não comporta uma limitação a tais categorias, inadequadas para criação e análise de signos culturais e artísticos. Tampouco as linguagens artísticas podem ser pensadas através dessas referências.

  2. Questionamentos de cunho político-ideológico, tais como: até que ponto o estado deve interferir na produção cultura e vice-versa? Quais os limites da tutela governamental na produção artística? É possível, no século XXI falar-se em mecenato, apadrinhamento, quando a hegemonia dos estados nacionais deixou de ser uma realidade? Nesta mesma época em que se discutem profundamente os meios de incentivo à cultura e a proteção do patrimônio imaterial, esbarra-se em severas dificuldades no que tange à  definição de leis de incentivo à cultura e sua aplicabilidade.

  3. O poder e a função da mídia na difusão de repertório e ensino da música e suas interfaces. O papel de programas de ensino e cultura: do Canto Orfeônico ao Projeto Guri . O embate entre cultura doentretenimento, assistencialismo social e educação.

  4. Repertório, tecnologia e difusão: a música que se fixou no repertório é produto não apenas de políticas e entendimentos estéticos, dentre outros mas também resultado da evolução tecnológica e de opções de cunho estético. Ocorre que há alguns anos as multinacionais do som e da música estão em severa crise financeira em virtude do esgotamento do seu sistema.

  5. A derrocada do estado do bem-estar social e a telemática trouxe novos hábitos cotidianos e, com isso, novas formas de relações sociais: as mudanças de papéis, nas relações de trabalho, na organização das formas de lazer e da vida cotidiana, nas relações interpessoais.

  6. Os modos de vida do terceiro milênio determinam distintas formas de utilização do tempo livre (lazer). Os espetáculos musicais retiveram modalidades tradicionais (ópera, concerto sinfônico), mas também introduziram novidades (notem-se os espetáculos interativos pela internet e televisão, por exemplo).

Postas estas provocações preliminares, o evento será constituído de mesas redondas, sessões de comunicações, apresentações musicais e oficinas, polarizadas pelos referenciais que seguem abaixo que, acreditamos, constituem o substrato das questões que acabamos de mencionar.

Eixos temáticos:

I - Som, culturas e comunicação;

Como o som se faz música e esta faz interagir performance e composição. Da percepção diferenciada chega-se a uma nova recepção. As linguagens e formas de expressão consideradas tradicionais (de longa duração, estáveis, entenda-se): O teatro, o ‘show’ de variedades, cabaré e ‘music hall’, cinema, telenovela, mega-shows, competições. O mainstream (pop,axé), o exótico (world music), As paisagens sonoro-culturais, compostas pela música.

II Tecnologia, percepção, estéticas do som

A compreensão dos novos modos de criação, distribuição e escuta musical da sociedade digital. As múltiplas interações do som electroacústico na paisagem sonora contemporânea.. Música eletrônica, raves, musica eletroacústica, desenho sonoro, vídeo games, a conectividade musical da internet o som dos telefones celulares, ringtones, os campos híbridos de criatividade musical e sonora queantecipam novas tendências da sociedade.

III Som, discursos e mídia:

O “ruído sagrado” (Schafer).Como, através do som e da música, se detém, perde, repassa, multiplica o poder político e de policia: crítica, mídia, gravadoras, difusão (pensar na globalização), gêneros representativos O som ininterrupto e o seqüestro do silêncio e a formação da ansiedade participativa, através do ruído .

IV  Música e relações de poder:

A importância de se revisar a história, a teoria e análise musical a fim de se incorporar a subjetividade das relações entre música, poder e violência. A política econômica da música reflete sobre a subjetividade do poder e a “imperfeição material e social do mundo que habitamos”, Susan McClary). A criatividade musical como um paradigma  dos processos sociais.

Formas de participação

O Encontro será composto de apresentações de trabalhos por especialistas convidados, mas também aceitará a inscrição de trabalhos enviados, que deverão ser submetidos ao comitê de leitura. Também serão aceitos participantes ouvintes, mediante inscrição. Para tanto, o interessado deverá utilizar o sistema eletrônico disponível no hot site www.musimid.mus.br/5encontro.

Submissão de trabalhos:

Os interessados em participar deverão enviar um resumo de até 250 palavras, até o dia 21 de junho, utilizando exclusivamente o sistema eletrônico disponível no hot site www.musimid.mus.br/5encontro.
A divulgação dos resultados será anunciada até o dia 20 de julho, na página do MusiMid e em mensagem por e-mail  ao interessado. A versão completa dos textos deverá ser entregue até o dia 15 de agosto, já em sua versão final, com o formato de edição e revisão de texto. (Por ocasião da divulgação dos resultados, será passado o modelo de formatação do texto) Todos os trabalhos enviados dentro do prazo regulamentar serão publicados em CD-ROM, a ser distribuído aos participantes durante o evento. Note-se que o autor é responsável pela revisão do texto e solicitação de autorização de reprodução de imagens aos detentores dos direitos autorais.

Critérios de seleção de trabalhos:

Serão aceitos os trabalhos que versarem sobre um dos temas gerais (vide relação, neste documento) e/ou que apresentem pesquisas em andamento que envolvam interfaces multidisciplinares entre música e mídia. Para tanto, devem ser mencionadas, com clareza, as referências bibliográficas e metodológicas. Serão aceitos trabalhos em português ou espanhol, nas diferentes áreas do conhecimento (musicologia, história, antropologia, semiótica, estudos culturais, comunicação etc.). Em casos de ininteligibilidade da redação, o trabalho será recusado.

Apresentação dos trabalhos:

Os trabalhos selecionados terão um tempo total de 20 minutos de apresentação. Poderão ser incluídos exemplos em data-show (power point), áudio digital, filme digital (DVD). Cada expositor deve ter claro que a apresentação de oral deve integrar-se ao texto escrito.

Ouvintes:

Inscrições já estão abertas pelo link disponível ao lado.

Taxas de inscrição:

Apresentadores de trabalho: R$ 50,00
Ouvintes: R$ 40,00
As taxas incluem direito à participação em todas as atividades do encontro, certificado e Anais do evento em CD-Rom.